quinta-feira, fevereiro 07, 2008

Notícias da Semana

Títulos
- JÚLIO PEREIRA;
- CARLOS DO CARMO;
- KUMPANIA ALGAZARRA;
- LEO BASSI;
- Contestação ao corte de apoios ao ensino inicial de música;
- Baile Moderno de danças de tradição europeia & site Rodobalho;

Desenvolvimento
- Depois de ter lançado há mais de meio ano o álbum “Geografias”, JÚLIO PEREIRA irá finalmente apresentar ao vivo temas deste disco e, sobretudo, da sua extensa e valiosa obra. A acompanhar o multi-instrumentista na digressão que arranca a 15 de Março, no Auditório Municipal do Seixal, estarão a cantora de jazz SOFIA VITÓRIA e o guitarrista MIGUEL VERAS. No myspace da cantora setubalense é possível verificar que o trio passará, para já, por Sesimbra (no Cine-Teatro Municipal João Mota, a 25 de Março), pela Baixa da Banheira (no Fórum Cultural José Manuel Figueiredo, 19 de Abril) e por Sines (no Centro de Artes, a 24 e 25 de Abril). Fonte: Crónicas da Terra.

- Já tínhamos por aqui anunciado que CARLOS DO CARMO era candidato ao prémio espanhol “Goya” por causa de um tema que gravou, pertencente ao filme “Fados” de Carlos Saura. E, pronto, o fadista, com a canção “Fado da Saudade”, foi mesmo o vencedor do prémio, recorde-se, o equivalente espanhol dos Óscares, na categoria de Melhor Canção Original. Já o filme estava nomeado para os “Prémios Goya” em apenas mais uma categoria, a de Melhor Documentário, tendo perdido para o filme “Invisibles”, filme de um conjunto de realizadores formado por Mariano Barroso, Isabel Coixet, Javier Corcuera, Fernando León de Aranoa e Wim Wenders. Em reacção ao prémio, Carlos do Carmo afirmou que «foi uma surpresa a nomeação e maravilhoso o ter recebido este prémio», acrescentando que «se este for mais um contributo para o fado, fico feliz, pois é o que tenho procurado fazer ao longo de 45 anos de carreira».

- Mais uma grande sugestão em disco que nos fez chegar a Raquel Lains (que já foi nossa cronista) com a “sua” promotora Let’s Start a Fire. Desta feita, falamos do álbum de estreia e homónimo dos KUMPANIA ALGAZARRA, disponível a partir do próximo dia 11 de Fevereiro nos escaparates portugueses. Em edição de autor, o cd tem doze temas inspirados em músicas de vários lugares do mundo e sempre com um traço comum a uni-los: a vontade de fazer uma música sem fronteiras, libertária e feliz. Eles são: Francisco Amorim (trombone), Hélder Silva (percussão, darabuka e congas), Hugo Fontainhas (bateria), Luís Barrocas (voz, saxofone e guitarra acústica), Luís Bastos (clarinete e saxofone tenor), Pedro Pereira (contrabaixo), Ricardo Pinto (trompete) e Rini Luyks (acordeão), tendo como músico convidado Willi Kirsch (flauta). Em breve, faremos uma crítica ao disco.

- O louco cómico italiano LEO BASSI regressa a Águeda ao Cine-Teatro São Pedro hoje, pelas 21h30, desta vez com o seu mais recente e polémico espectáculo, em mais uma sessão das “Sextas Culturais” promovida pela edilidade local e produção da d'Orfeu. A religião e o monoteísmo enquanto temas polémicos, às mãos deste alucinado são simples joguinhos e com a sua sádica e provocatória mestria, o desconcertante artista vem reforçar a inquietação de Águeda para com a sua própria paz cultural. Gargalhada, inquietação, revelação e polémica de mãos dadas, no regresso provocador deste artista com o espectáculo “A Revelação”. Este tem gerado continuada polémica em Espanha, tendo chegado a ser cancelado em Madrid por ameaças de bomba no camarim do artista. LEO BASSI passou vários meses sob protecção da polícia espanhola. Olhado de lado por líderes políticos e religiosos, o italiano recebe contínuas ameaças de grupos extremistas e vê petições contra o seu espectáculo circularem na internet. Contudo, nas salas, o público rende-se: os sucessos são consecutivos e estrondosos em vários países. O espectáculo “A Revelação” retrata a perspectiva do comediante sobre o homem e a sua relação com Deus. LEO BASSI, que inicia o espectáculo vestido de Papa, condena as religiões com corrosivo humor, emoção e extravagância, ao passo que defende o ateísmo, a razão, a dúvida, a tolerância, o amor e a arte.

- Notícia Lusa: Os responsáveis das duas escolas de música de ensino oficial de Leiria criticaram esta semana a proposta da tutela em acabar com os apoios à iniciação e ao ensino supletivo, uma medida que deverá entrar em vigor no próximo ano lectivo. "Estou perfeitamente convencido que isso terá sido um delírio" de algum responsável governativo, afirmou Henrique Pinto, responsável pelo Orfeão de Leiria, comentando a possibilidade de a tutela vir a cortar com os apoios ao ensino de iniciação."Não passa pela cabeça que alguém pense reduzir o ensino básico de música a uma mera generalidade como acontece nas actividades extra-curriculares", considerou este responsável. No âmbito da reforma do ensino artístico especializado, a partir do próximo ano lectivo as escolas públicas de música estão impedidas de dar aulas ao 1º ciclo e terão de funcionar em regime integrado, ou seja, ministrarem formação geral (como em qualquer escola) e especializada (artística). Outra das propostas do Ministério da Educação tendo em vista a reforma do sector passa pela obrigatoriedade de estas escolas leccionarem apenas em regime integrado, que prevê a realização da formação geral e especializada no mesmo estabelecimento de ensino. O regime supletivo caracteriza-se por permitir aos alunos frequentar as disciplinas musicais no Conservatório e as do ensino geral numa escola à sua escolha. Nesta matéria (regime supletivo), Henrique Pinto admite "alguma lógica" no corte dos apoios devido à resposta de o ensino generalista está a dar. Posição mais crítica tem Paulo Lameiro, director da Escola de Artes, salientando que esta medida irá cortar com os apoios às escolas particulares - como são o caso de Leiria - e levar ao despedimento de muitos professores. "Tudo o que afecta as escolas públicas, afecta-nos a nós" e as instituições deixarão de ter apoios para ministrar "ensino vocacionado de música" até aos dez anos de idade. Para Paulo Lameiro, esta medida foi a forma da tutela "arranjar professores para as actividades extra-curriculares" nas escolas mas isso "só vai destruir o único sistema que, mesmo a funcionar mal, formou músicos em Portugal". "Uma coisa é a educação musical que todo o cidadão tem direito a ela mas outra coisa é um sistema que permite a formação de músicos e isso não pode ser destruído", acrescentou.

- Uma noite diferente, irreverente, ao som de sons tradicionais recriados e reinventados, numa viagem pelos países da Europa, com centro na cultura Portuguesa acontecerá no Café Xuven, na Av. Sá da Bandeira em Coimbra, hoje pelas 22h. A proposta é dos NO MAZURKA BAND que é um colectivo de músicos experientes e reconhecidos em novas abordagens a sonoridades tradicionais. Mais um evento com a parceria do colectivo Rodobalho, do Ateneu de Coimbra, do colectivo Tradballs e do café Xuven. Assim, numa improvável viagem pelo velho continente, em que o pequeno espaço do Xuven será a Nau de intrépidos descobridores, os NO MAZURKA BAND sobem a palco [que palco?] para que as danças dêem o mote a uma noite memorável.
Donos de, entre eles, décadas de experiência dedicada à construção de sons novos sobre melodias tradicionais, este grupo assume, até pelo nome, uma atitude provocadora mas responsável, irreverente e justificada. Os seus bailes são constantes viagens por melodias que nos construíram a cultura, e tantas vezes a infância, reinventadas com instrumentos novos, uns, ou salvos da arca da memória, outros. Com a guitarra eléctrica, adoptada de vivências contemporâneas, conversa com a Flauta de Tamborileiro, recuperada da memória colectiva e dada como extinta na biodiversidade musical Portuguesa. Ponto essencial, exterior à melodia e aos instrumentos que a formam, é o permanente convite ao baile, ponto alto social de descoberta e partilha. Aos músicos associa-se um[a] mestre de cerimónias, capaz de descontrair os mais tímidos, enquanto demonstra e ensina os rudimentos das danças que invadem o palco. À construção da música junta-se a construção do baile, com a alegria da melodia cruza-se a celebração da dança, nasce o momento e o sorriso. Um quadro completo da proposta que o colectivo Rodobalho/Ateneu de Coimbra deixa à cidade de Coimbra. Um desafio de descoberta e surpresa, fora dos circuitos fechados de música pré-formatada. O nome dos NO MAZURKA BAND, é dono de uma forte mensagem cultural e de afirmação. Mais que um lema, é uma forma provocante de trazer argumentos de outras “Andanças”, esse ponto alto de encontro cultural em torno de valores tradicionais, para a praça pública.
No dia seguinte, 9 de Fevereiro, durante a tarde, será a vez de Aveiro e o clube “Os Galitos”, bem no centro da cidade, receber esta nau, que segue viagem para a Esmae, na rua da Alegria no Porto, para que o baile aí cresça depois das 22h. Este baile, bem como outros realizados mensalmente, são parte de uma iniciativa de promoção, divulgação e recriação de dança e música tradicional. Desta iniciativa fazem parte workshops semanais de dança tradicional, no Ateneu de Coimbra. Momento regular de encontro e aprendizagem, as coreografias “mal amanhadas” na confusão do baile ganham forma e consistência todas as terças-feiras. Organizados de forma informal, sem inscrição ou “obrigações”, sem qualquer objectivo comercial ou de lucro, deixam espaço ao improviso e à participação activa dos intervenientes. Todas estas iniciativas, e a divulgação de centenas de outras que ocorrem um pouco por todo o país, sobem à visibilidade do público no site que tornou a referência nacional na cultura tradicional. Resultado de 2 anos de construção e consolidação, recebe diariamente duas centenas de pessoas numa procura cultural fora de circuitos normalizados. Mais informação em http://www.rodobalho.com/ e a música dos NO MAZURKA BAND em http://myspace.com/nomazurkaband.

André Moutinho