quarta-feira, fevereiro 20, 2008

"Impressões" - RONDA DOS QUATRO CAMINHOS

É fácil, penso eu, dar uma impressão ao “Sulitânia” da RONDA DOS QUATRO CAMINHOS porque não é complicado dizer bem de (mais) um bom cd disponível na nossa praça e lançado recentemente mais precisamente no final de 2007, mas só agora chegado à nossa redacção.
Começo por dizer que a RONDA é um autêntico cancioneiro português ambulante, expressão que refiro no melhor dos sentidos. Isto porque estes senhores têm quase tudo gravado do que de há de melhor na nossa música tradicional portuguesa e ao longo de tantos anos de experiência em palco e nos discos. No fundo, não se limitam a dar a conhecer as músicas de uma forma sistemática, outrora esquecidas, mas apresentam sempre roupagens modernas de um grande design musical e atitude para as apresentarem nas centenas de espectáculos que fazem. E, por terem feito já quase tudo, não seria difícil de perguntar a eles: e agora, o que há ainda mais a fazer mas que seja diferente de tudo o que já foi feito anteriormente? Eles “responderam-nos” bem recentemente com o “Sulitânia”, que é, desde já, um trabalho de referência mesmo após o anterior disco de 2003 “Terra de Abrigo” que na altura já mostrou os novos caminhos de grande inteligência deste grupo.
Dizer que, apesar do conceito apresentado já não ser muito original, juntar diversos convidados reconhecidos, de um nível técnico elevado e de o fazer deste modo, não deve ter sido nada fácil e, cada um à sua maneira, os terem integrado desta maneira num disco. Os convidados são: as ADUFEIRAS DE MONSANTO (porventura as “menos difíceis” de integrar, digo eu) e os “mais difíceis” CORAL GUADIANA DE MÉRTOLA e a EBORAE MUSICA. Temos, então, no “Sulitânea”, um conjunto de 10 lindas faixas da rica zona musical da Beira Baixa (como por exemplo, “Debaixo da Laranjeira” ou “Romance de D. Silvana”) e também do Baixo Alentejo (“D’Onde Vens Ana” ou “Ao Romper da Madrugada”), como se fosse uma homenagem aos convidados atrás referidos. A RONDA apresenta-nos dez canções tradicionais melódicas, diferentes, etéreas, com belos arranjos de integração da música clássica e erudita passando pelos corais, como não estivéssemos habituados a ouvir e, às vezes, a aceitar logo à primeira. Mas, de facto, ouvimos tão bem este álbum e em todas as situações do quotidiano, que desejamos de o divulgar no nosso programa, o mais depressa possível.
Todos os temas foram repartidos, no que concerne aos arranjos e direcção musical, pelos vários convidados, desde VASCO PEARCE DE AZEVEDO (maestro titular da SINFONIETTA DE LISBOA) passando pelo próprio grupo como é o caso de PEDRO FRAGOSO (que colaborou em alguns trabalhos do “maestro” PEDRO BARROSO). Este cd foi possível graças ao convite e aos bons ofícios das Câmaras Municipais de Évora, Mértola e Idanha-a-Nova, tendo começado a desenhar-se na Primavera de 2006 quando este grupo se voltou mais para sons "À Beira do Sul" juntamente com os agora convidados nas gravações do "Sulitânia".
A RONDA DOS QUATRO CAMINHOS é constituída pelos já “veteranos” António Prata, Carlos Barata, João Oliveira, Pedro Fragoso, Mário Peniche e Pedro Pitta Groz. Mas há aqui a colaboração no “Sulitânia” de VASCO PEARCE DE AZEVEDO nas guitarras, CANTARES DE ÉVORA, ATENEU MOURENSE, QUARTETO OPUS 4 e de flautistas de bisel.
Quanto à parte técnica do disco, quem sou eu para colocar dúvidas a tão bons músicos? Irrepreensível, acho eu, a todos os níveis técnicos de execução. Na gravação, o trabalho de MIGUEL SALEMA e do ANTÓNIO PRATA foi de bom nível para tão complicado trabalho de captar coros e aglomerados de muitos músicos eruditos quer ao vivo quer em estúdio. Quanto à masterização ela já não me parece tão boa, problema que continua a ser geral de grande parte dos discos portugueses. Como todos os cd's que divulgo, critico e sugiro aqui, eu recomendo vivamente a compra mas, este, especialmente. Edição Ocarina, 2007. (9/10)
André Moutinho

2 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Meu caro André Moutinho,

Obrigado pelas suas palavras. Em relação à masterização, pois... tem toda a razão. Temos de ser pragmáticos nestas coisas, custava cerca de cinco mil euros masterizar em Londres... Pode ser que para o próximo trabalho o mealheiro esteja um pouco mais gordo, ou para ir a Londres, ou para comprar uns aparelhos que nos davam jeito.E parabéns pela perspicácia...
Um abraço,

António Prata

1:00 da tarde  
Blogger Canto Nómada said...

Agora sou eu. Obrigado pelas palavras António Prata. Não é por causa da masterização que não deixa de ser um bom álbum.
Já agora, a Suécia é uma boa e mais barata solução de masterização ;))))

Abraço a todos.

AM

3:52 da tarde  

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